Um levantamento inédito conduzido pela Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV) revela um aumento significativo nos casos de trombose venosa no Brasil. A presidente da SBACV-RN, Dra. Glenda Rocha, destaca a urgência de entender esse panorama e suas implicações na saúde pública. “O aumento expressivo de casos de trombose venosa está ligado a diversos fatores, principalmente o uso disseminado e muitas vezes desorientado de hormônios para tratamento, contracepção ou reposição, sem a devida orientação médica”, explica a especialista. Ela enfatiza que a conscientização crescente tem levado mais pessoas a procurarem ajuda médica ao identificarem sintomas, especialmente relacionados às pernas, por medo de trombose.
Dados alarmantes revelam que mais de 489 mil brasileiros foram hospitalizados para tratar tromboses venosas entre janeiro de 2012 e agosto de 2023. Nos primeiros oito meses de 2023, em média, 165 pessoas foram internadas diariamente na rede pública para lidar com esse problema, conforme o levantamento da SBACV.
Os impactos desse aumento vão além do indivíduo afetado. A presidente da SBACV-RN destaca que casos graves de trombose podem levar a períodos de afastamento do trabalho. Além disso, ao longo do tempo, pacientes podem desenvolver a Síndrome Pós-Trombótica, uma condição crônica que pode resultar em úlceras venosas, impactando negativamente na vida profissional e na saúde pública.
Quanto aos fatores de risco, Dra. Glenda aponta alterações na coagulação sanguínea, no fluxo e na parede dos vasos como principais causas. A imobilidade prolongada, cirurgias e o uso de hormônios são fatores de alto risco. Ela ressalta que a disseminação indiscriminada de hormônios e um aumento nos diagnósticos têm contribuído para esse quadro.
Para prevenir a trombose venosa, a médica recomenda evitar o uso desnecessário de hormônios, não fumar e procurar um especialista ao enfrentar situações de risco, como imobilidade prolongada ou viagens longas. A SBACV-RN planeja uma campanha de esclarecimento para a população, visando a prevenção, mas destaca a importância da mídia na divulgação de informações esclarecedoras.
Sobre o tratamento, Dra. Glenda menciona avanços que simplificaram o tratamento com medicação oral para a maioria dos casos. No entanto, ressalta a dificuldade de acesso a esse tratamento para pessoas de baixa renda, especialmente no interior do país.
Ainda segundo a especialista, no Rio Grande do Norte, embora o pronto-socorro Clóvis Sarinho ofereça tratamento inicial, o acompanhamento especializado para evitar a síndrome pós-trombótica é limitado, devido à escassez de especialistas em ambulatórios.
“É imprescindível conscientizar a população sobre a trombose venosa, seus riscos e formas de prevenção. Além disso, é vital um acompanhamento após o diagnóstico para evitar as complicações da Síndrome Pós-Trombótica, que se torna um problema de saúde pública”, conclui enfatizando a necessidade de uma abordagem preventiva e educativa para reverter essa tendência alarmante.